24 março 2012

Três golpes internacionais recentes sobre o Brasil e a necessidade de assumir uma política ambiental consciente e sustentável


Nos últimos quase 50 anos, o Brasil sofreu uma série de golpes acionados e coordenados por um grupo internacional que se fortaleceu, se organizou, e que trabalha incessantemente para submeter o mundo a uma ordem controlada que garanta sua exclusividade.  Se repararmos bem, parece verdade que o que vemos é a constante tentativa de fortalecimento e avanço de atores, verdadeiramente “fascistas” em essência, que vêm se utilizando de novos meios para empreender seus golpes num crescente de novos aparatos, mas que, para todos os efeitos, é sempre aparentemente legal.  Identifico, em nossa história mais recente, três tentativas de golpe deste grupo:

1º golpe – em 1964, o “golpe militar” no Brasil vai se somar à política de truculência e controle dos governos Sul-Americanos pelos países centrais, ditos à época, imperialistas.  Tal intervenção tinha como pretexto a ameaça do avanço internacional comunista e um suposto plano de controle das ideologias libertárias, igualitárias e democráticas que significavam, dentro deste contexto, um grande perigo àquele projeto de controle.


Depois, seguiu-se no Brasil a chamada “década perdida” (década de 1980), em que nos esforçávamos por resgatar o controle civil legitimado por meio da representação política e, paralelamente a este esforço, uma lancinante labuta carregada de expectativas que mobilizou toda a população para o resgate econômico.

2º golpe, “o golpe neoliberal” – em meio a crises políticas, sociais e, especialmente, econômicas, o Brasil viu-se num singular esforço para equilibrar suas contas.  Aproveitando-se disso, um novo plano foi orquestrado pelos paquidermes de plantão, desta vez, com uma nova fase na humanidade alardeada com a surpresa da “globalização”.  Governos hegemônicos, sob o viés do capital internacional e suas normas financeiras, investiram grande empenho para impor aos submetidos “a lei do capital”, e que tinha por base a desculpa do antigo “laissez faire” como única forma de desenvolvimento possível; tentavam ludibriar os povos e seus governos com uma política econômica cruel, intimidadora e excludente.


Demorou um pouco, mas aí o povo brasileiro cresceu: tudo levava a crer que a proposta do partido da situação estava em dia com a “Hora do Brasil”.  Que ilusão!  A figura de então que mais inspirava confiança, apareceu como um “lobo em pele de cordeiro”.  Aconteceu, porém, que uma série de medidas vindas de cima para baixo, provindas da cúpula daquele governo, começou a despontar como um golpe de traição – ou “entreguismo”, como se costuma dizer – alinhado a grupos internacionais que se esforçavam para garantir sua hegemonia reduzindo a zero, se possível, a intervenção dos governos pobres nas suas próprias economias: era a “Política do Estado Mínimo”.  Foi por um fio...  Quase que o Brasil embarcou!

3º golpe, “o golpe verde” – este é o último da série, e está se iniciando precisamente agora.

Após o despertar do brasileiro, sucessivas vitórias estão sendo conquistadas em setores que nos deram muita dor de cabeça: o econômico, o político e o social.  E isso só foi possível através de um partido de trabalhadores legitimado pela maioria da população, que inclusive, aprendeu a perceber as insistentes tentativas de golpes políticos, articulados por setores específicos da sociedade, como alguns órgãos da mídia, a direita política e a justiça das impunidades.  Aliás, órgãos reacionários consolidados a partir do período da ditadura.

Depois de enfrentar tortura e bala no “golpe militar”, e depois de enfrentar o poder nefasto do capital internacional sob as estratégias da “ação neoliberal”, agora teremos que dizer NÃO aos “gananciosos predadores de terras” – os coronéis, os grandes latifundiários, os ruralistas.  Temos que convencê-los sobre o quanto é necessário saber administrar as riquezas naturais que dispomos, e que por hora, são limitadas.


Só que a única política que quer fazer a bancada ruralista representada no Congresso Nacional, é a política da “ganância”.  Com propostas como a das “mudanças no antigo Código Florestal” (que vem garantindo a preservação de nossas florestas); processos duvidosos de demarcação de terras indígenas (que querem tirar do Poder Executivo para direito exclusivo do Legislativo Nacional); reativação do Programa Nuclear Brasileiro (quando nossa matriz energética é a mais limpa do mundo, e quando o mundo adia tais empreendimentos depois de Chernobil e Fukushima); propostas de avanço da monocultura no Cerrado e na Amazônia (como propôs o senador Flexa Ribeiro-PSDB/PA, ao encaminhar projeto de “plantio de cana-de-açúcar na Amazônia”).  Com isso estão camuflando a política de interesse nacional por uma que desgasta o governo, põe em risco nossas riquezas naturais, confundem a opinião pública (se passando por “injustiçados” que só querem produzir riquezas para o Brasil e alimentos para o mundo), além de colocar em xeque nossa soberania.  Aliás, o 3º golpe internacional, ou o “golpe verde”, está fundamentado exatamente nisso.

Como se não bastasse este novo grande problema, aquele cidadão em que depositamos nossos votos no passado, e mesmo após vender quase todas nossas estatais durante o “golpe neoliberal”, reaparece com um especialista francês em palestra no coração da Amazônia para dizer que está preocupado com nossas florestas.  Outro golpe político.  (*Ver: “Fernando Henrique Cardoso e Villepin pedem que tema ambiental seja debatido em eleições  Disponível em... http://br.noticias.yahoo.com/fhc-villepin-pedem-tema-ambiental-seja-debatido-elei%C3%A7%C3%B5es-224315093.html). 

Se analisarmos detidamente os três processos golpistas, veremos que os maiores inimigos da humanidade, estão apoiados em lamentáveis desvalores do espírito humano, a saber: “egoísmo e ignorância”.  Egoísmo e ignorância daqueles que arquitetam estes golpes.  Egoísmo e ignorância daqueles que se acomodam e aceitam essas investidas.

Por fim, julgo necessário fazer aqui um adendo: “Os inimigos da humanidade já não são nações, ou instituições, mas elementos humanos desclassificáveis: pessoas baixas, sem caráter, ignorantes, gananciosas, inescrupulosas.  Esses inimigos estão infiltrados em todos os lugares: partidos políticos, grupos religiosos, cientistas, forças armadas, financistas, operários, magistrados...  Mas é fundamental reconhecer e ter ciência que pessoas de bem também se encontram em todos os lugares do mundo”.  Para ambos os tipos de pessoas, um trecho do dia em que “Pedro Malazartes” conversou com um professor:


“Professor, desse mundo a gente não leva nada, por que tanta preocupação?...”.  Então o professor ensinou: “Pedro, realmente é verdade que daqui não se leva nada, mas é verdade também que aqui se deixa toda a obra de uma vida.  O que é que você vai deixar para o mundo?”.



Paulo Sergio Teixeira [Santos, 24MAR2012]


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