16 julho 2010

Qual é o objetivo???

Escola usa McDonald's e Coca em apostila
Mãe reclama de material didático que utiliza
logomarcas em atividade para o ensino infantil

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TALITA BEDINELLIN
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Na reunião de pais que encerrou o 1º semestre do ano, Adriana, 31, surpreendeu- se com um dos trabalhos feitos em sala de aula pela filha Diana, 4, em uma escola da zona oeste de SP, com mensalidade superior a R$ 1.000.
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A menina fez uma colagem em que devia associar três figuras -uma de crianças uniformizadas, outra em que elas aparecem comendo e uma terceira, de uma lata de refrigerante -com logotipos do colégio Objetivo, do McDonald's e da Coca-Cola.
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A atividade foi proposta em uma apostila da rede Objetivo, usada em 12 escolas do grupo e em outras conveniadas (a rede não soube dizer quantas são no total).
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A atividade desagradou pais de alunos, como Adriana. Ela afirma que não leva a filha à lanchonete, nem oferece refrigerantes à menina. A atividade, diz, incentivou o consumo desses alimentos, que não são saudáveis. Educadores e psicólogos ouvidos pela Folha concordam. "Achei um absurdo. Quero que minha filha saiba o que é bom e o que é ruim [para a saúde]. Esperava que a escola mostrasse o certo", diz Adriana (nome fictício).
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Ela diz que procurou a direção e ouviu que as marcas usadas nos exercícios estão presentes no cotidiano das crianças. "Disseram que eu não tinha como deixar minha filha em uma redoma. "Regina de Assis, professora aposentada da Faculdade de Educação da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), discorda da posição adotada pela escola. Segundo ela, a associação de símbolos que fazem parte do cotidiano da criança é importante para auxiliar a alfabetização. "Mas o professor não pode ser indutor de consumo. Por que não usar a imagem de uma salada de frutas, por exemplo? Vai ensinar a criança a ler do mesmo jeito", diz a educadora.
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Laís Fontenelle, coordenadora da área de educação do instituto Alana, ONG que atua na defesa dos direitos das crianças, diz que os estudantes veem as mensagens passadas pela escola como certas. "Se ela vê refrigerantes e uma lanchonete, acha que isso é bom porque a professora, que é um exemplo para ela, está dizendo", diz.
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Rede defende o exercício, mas pode retirá-lo
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A coordenadora pedagógica do Objetivo Márcia Carvalhinha afirma que as aposti las onde há o exercício de colagem com os símbolos do McDonald's e da Coca-Cola são usadas há pelo menos cinco anos, sem reclamação de pais. Mas ela diz que a rede pode retirar a atividade. Segundo ela, a intenção do material não é induzir o consumo dos alimentos, mas utilizar símbolos que sejam "próximos das crianças". "Os produtos estão no mundo. Por mais que a criança não consuma, ela vê a simbologia."
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A coordenadora diz ainda que o exercício tem o objetivo de familiarizar as crianças com os códigos da linguagem. "A criança vai entendendo que a alfabetização é representada por uma simbologia. Como faz a associação do logo do Objetivo com a escola, ela vai associar um desenho da letra "a" ao som e ao que a ela representa na escrita."
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"A atividade não tem nenhuma conotação com a questão da alimentação. Como foi colocado [o logo da] Coca-cola e do McDonald's, poderia ser o da marca de automóvel, de um brinquedo que as crianças conheçam". Ela diz que o Objetivo incentiva a alimentação saudável e que as cantinas da sua rede não vendem frituras ou refrigerantes.
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Folha de S.Paulo, 16 jul. 2010.

12 julho 2010

RELEMBRANDO - 1

Quem aprovou o relatório de Aldo?
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© Greenpeace - Rodrigo Baleia
08JUL2010
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Há 30 dias, Aldo Rebelo, relator da Comissão Especial criada para discutir mudanças no Código Florestal brasileiro, apresentou seu relatório. Os deputados contra as mudanças no documento questionaram o documento, obrigando Aldo a reescrevê-lo.
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Enquanto ruralistas se organizaram para acelerar a votação para ainda esse ano, ambientalistas e sociedade civil se uniram em torno do consenso de que esse importante tema precisa ser debatido com calma, sem as ambições eleitorais desse ano.A reunião dessa segunda-feira tinha o propósito de apresentar uma segunda versão do relatório, à luz desses questionamentos apresentados. Acuado entre ruralistas e ambientalistas, Aldo se complicou. Cedeu um pouco ali, outro pouco acolá, e o relatório ficou confuso. Os deputados não tiveram tempo para analisá-lo novamente, o que tumultou a reunião e transferiu a votação para terça, quando, então, foi aprovado. Agora, ele segue para a Câmara dos Deputados.
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Nesse ano eleitoral, além de acompanhar os caminhos do relatório, acompanhe também os caminhos dos deputados que votaram contra e à favor das mudanças floresticidas propostas por Aldo.
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Quem votou pelas mudanças no Código Florestal:
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1. Anselmo de Jesus (PT-RO)
2. Homero Pereira (PR-MT)
3. Luis Carlos Heinze (PP-RS)
4. Moacir Micheletto (PMDB-PR)
5. Paulo Piau (PPS-MG)
6. Valdir Colatto (PMDB-SC)
7. Ernandes Amorim (PTB-RO)
8. Marcos Montes (DEM-MG)
9. Moreira Mendes (PPS-RO)
10. Duarte Nogueira (PSDB-SP)
11. Aldo Rebelo (PCdoB-SP)
12. Reinhold Stephanes (PMDB-PR)
13. Eduardo Seabra (PTB-AP)
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Quem votou contra as mudanças no Código Florestal:
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1. Dr. Rosinha (PT-PR)
2. Ricardo Tripoli (PSDB-SP)
3. Rodrigo Rollemberg (PSB-DF)
4. Sarney Filho (PV-MA)
5. Ivan Valente (PSOL-SP)

RELEMBRANDO - 2

VOTAÇÃO SOBRE CÓDIGO FLORESTAL FICA PARA A PRÓXIMA SEMANA
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Eduardo Bresciani - G1, Brasília [29JUN2010]
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A votação na comissão especial que discute mudanças no Código Florestal ficou para a próxima semana. A intenção do presidente da comissão, Moacir Micheletto (PMDB-PR) é votar até terça-feira (06/07). Integrantes da bancada do agronegócio querem votar o tema rapidamente ainda em plenário, mas os ambientalistas e o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), já defenderam que o tema fique para depois das eleições. Nesta terça-feira (29), os deputados discutiram o tema na comissão por cerca de quatro horas, mas não se avançou para a votação.
saiba mais
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O relator do Código Florestal, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), já anunciou que fará mudanças no texto. Ele afirma que a intenção do projeto é regularizar a situação de 90% dos produtores rurais brasileiros, que estariam atualmente na ilegalidade.
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O parecer final, segundo ele, vai focar a consolidação de áreas que já estão sendo usadas na agricultura. Aldo quer dispensar de atividade de reflorestamento propriedades com área de até quatro módulos rurais. Em propriedades com áreas maiores, essa isenção da responsabilidade de recompor as florestas só começaria a partir do quinto módulo rural.
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Uma mudança que o deputado deseja fazer no texto está justamente nesta questão. Aldo quer deixar claro que a isenção é apenas para a recomposição de áreas que já foram desmatadas. “Vou colocar que estão dispensados exclusivamente de recompor a reserva legal. Não estamos autorizando a desmatar nada a mais”, assegurou.
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O projeto permite ainda que leis estaduais tratem de temas como a fixação do percentual de reserva legal, área que precisa ser preservada dentro das propriedades rurais. O relator fala ainda em proibir qualquer desmatamento durante cinco anos para que se faça a regularização de todas as propriedades. Ele defende ainda a realização de um censo para verificar a situação de todas as florestas no Brasil.
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O parecer tem recebido muitas criticas de parlamentares ligados a causas ambientalistas. No debate dessa terça-feira, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que os colegas têm usado o argumento de que outros países desmataram para derrubar florestas no Brasil. “Não podemos ter um raciocínio de que se eles devastaram nós temos o direito de devastar também”.
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O líder do governo já deu entrevistas elogiando o trabalho de Aldo, mas diante da polêmica, ele quer deixar a votação do tema em plenário para depois da eleição. Um dos líderes da bancada ligada ao agronegócio, o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) está entre os que cobram uma definição rápida. “Nós queremos votar. Existem milhões de produtores multados e outros que não conseguem produzir por causa da legislação atual. Temos que mudar isso”.

O GOLPE: ''A DESCULPA DO TAL CELEIRO DO MUNDO'' - ´RÁDIO SENADO 24JUN2010

ACIR GURGACZ (Senador PDT-RO), quer que produtores rurais que tenham desmatado sejam anistiados dentro da lei da época em que foram para a Amazônia [Rádio Senado - 24JUN2010]