08 agosto 2008

Ibama dá licença para Angra 3 mas impõe 60 condições

LORENNA RODRIGUES
Folha Online, em Brasília
07JUL2008

O presidente do Ibama, Roberto Messias, assinou nesta quarta-feira a licença prévia para a usina nuclear de Angra 3. De acordo com a assessoria do órgão, foram colocadas 60 condições para a construção da obra. Ontem, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) havia dito que o Ibama faria "exigências brutais".

Entre as condições anunciadas pelo ministro está a solução definitiva para o lixo nuclear produzido na usina, a contratação de uma empresa independente para o monitoramento da radiação, a resolução de problemas de saneamento básico da cidade de Angra dos Reis e Paraty (ambas no Rio), a adoção do Parque Nacional da Serra da Bocaina (nos Estados do Rio e de São Paulo) e a aplicação de programas ambientais.

Antes do início das obras, porém, o Ibama terá de conceder a licença de instalação. De acordo com o ministro, o prazo para a concessão da licença dependerá da entrega da documentação pela Eletronuclear, responsável pela construção da usina.

A usina terá capacidade para gerar 1.350 MW e custará R$ 7,3 bilhões. A previsão é de que a usina fique pronta em 2014.




[O problema do lixo radioativo]

Apesar de o ministro Carlos Minc ter anunciado que a licença prévia para a usina de Angra 3 exigirá, entre outras coisas, a solução definitiva para a destinação do lixo nuclear, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) disse, ontem, que tal solução ainda não foi encontrada no mundo inteiro. Ele informou que, a exemplo de Angra 1 e 2, o lixo nuclear de Angra 3 será armazenado até que os cientistas encontrem uma solução para os resíduos.

"É claro que isso é suficiente. O meio ambiente não pode pedir uma solução que não existe ainda. Uma solução definitiva é não jogar o lixo no meio do rio e sim guardá-lo adequadamente, que é o que se está fazendo com Angra 1 e Angra 2. O Brasil não está fazendo nada inferior ou superior ao que se faz com as 440 usinas nucleares espalhadas pelo mundo inteiro", disse Lobão.

Segundo ele, a França está desenvolvendo uma tecnologia que possibilitará a reutilização do lixo nuclear, o que poderá ser seguido pelo resto do mundo. "Todos os países que têm usinas nucleares guardam provisoriamente [o lixo] na expectativa de amanhã vir a utilizar esse lixo, que é o que a França está fazendo".

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