24 maio 2009

TOQUE DE RECOLHER - 10MAIO2009


Na antiga Grécia, Esparta preparava seus jovens para serem bons soldados a fim de servir às cidades espartanas. Atenas, por sua vez, dava preferência a instruir seus jovens, para além da guerra, em conhecimentos como: música, esportes, letras, artes e matemática.

O que importa perceber é que o jovem na Grécia Antiga, a mesma que deu bases para a cultura ocidental, estava nas mãos do Estado, preparado por ele, para servir a ele, para ser usufruído pelo coletivo.

Aqui no Brasil, segundo mapas do IBGE, após a década de 1980, houve uma evasão crescente das mulheres para trabalharem fora do lar, no intuito, certamente, de ajudar seus companheiros nas despesas da família.

Embora este quadro já demonstre uma leve inversão, o fato é que, bem ou mal, as mães que eram a base fundamental das famílias, passaram a estar ausentes para trabalhar. Não é difícil prever um longo período de afirmação desta condição, visto que hoje, após o processo de emancipação feminina que perdurou pelo menos 100 anos, as mulheres não devem querer abandonar suas carreiras para reassumir os lares, mas antes, reafirmar sua nova condição de independência, pleiteando neste exato momento, melhorers cargos e salários.

E os filhos destes casamentos? Avós, tios, vizinhos, empregadas, babás, televisores, vídeogames, traficantes etc. Quem fica com nossas crianças? Escola em tempo integral???

O certo é que, a partir do momento que se assume deixar seu filho nas mãos de outra pessoa, corre-se o risco de não estar dedicando a ela a atenção e os valores que acreditamos certos. Se queremos nossa independência profissional deixando nossos filhos para alguém cuidar, que seja então alguém que o encaminhe para os deveres e direitos comuns, como as famílias o faziam antigamente.

Estamos num momento de escolher que sociedade queremos para nossos próximos anos: uma sociedade em que a base é realmente a família, ou uma sociedade em que o Estado tenha maior responsabilidade sobre os cidadãos.

Se o último caso for uma escolha, que estruturemos o Estado para tamanha responsabilidade. O toque de recolher daquelas cidades do noroeste paulista, faz parte da segunda opção, e tenho certeza: qualquer professor entende que liberdade demais, sem responsabilidades, sem limites, gera como retorno pessoas sem responsabilidades e sem limites, certamente, cidadãos que o mundo dos nossos netos não há de merecer.

Paulo Sergio Teixeira

05 maio 2009

MEC quer trocar matérias por áreas temáticas


A intenção é eliminar a atual divisão do conteúdo em 12 disciplinas no ensino médio e criar quatro grupos mais amplos
Proposta será discutida hoje pelo Conselho Nacional de Educação; União planeja incentivos financeiros para obter adesão dos Estados

FÁBIO TAKAHASHI - Folha de São Paulo

O Ministério da Educação pretende acabar com a divisão por disciplinas presente no atual currículo do ensino médio, o antigo colegial. A proposta do governo é distribuir o conteúdo das atuais 12 matérias em quatro grupos mais amplos (línguas; matemática; humanas; e exatas e biológicas).
Na visão do MEC, hoje o currículo é muito fragmentado e o aluno não vê aplicabilidade no programa ministrado, o que reduz o interesse do jovem pela escola e a qualidade do ensino.

A mudança ocorrerá por meio de incentivo financeiro e técnico do MEC aos Estados (responsáveis pela etapa), pois a União não pode impor o sistema. O Conselho Nacional de Educação aprecia a proposta hoje e amanhã e deve aprová-la em junho (rito obrigatório).

O novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que deverá substituir o vestibular das universidades federais, será outro indutor, pois também não terá divisão por disciplinas.
Liberdade
Segundo a proposta, as escolas terão liberdade para organizar seus currículos, desde que sigam as diretrizes federais e uma base comum. Poderão decidir a forma de distribuição dos conteúdos das disciplinas nos grupos e também o foco do programa (trabalho, ciência, tecnologia ou cultura).

Assim, espera-se que o ensino seja mais ajustado às necessidades dos estudantes.
O antigo colegial é considerado pelo governo como a etapa mais problemática do sistema educacional. Resultados do Enem mostram que 60% dos alunos do país estudam em escolas abaixo da média nacional.
O governo Lula pretende que já no ano que vem, último ano da gestão, algumas redes adotem o programa, de forma experimental. No médio prazo, espera que esteja no país todo."A ideia é não oferecer mais um currículo enciclopédico, com 12 disciplinas, em que os meninos dominam pouco a leitura, o entorno, a vida prática", disse a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar.
Está previsto também o aumento da carga horária (de 2.400 horas para 3.000 horas, acréscimo de 25%).
"A mudança é positiva. Hoje, as disciplinas não conversam entre si", afirmou Mozart Neves, membro do Conselho Nacional de Educação e presidente-executiv o do movimento Todos pela Educação."
A análise de uma folha de árvore, por exemplo, pode envolver conhecimentos de biologia, química e física. O aluno pode ver sentido no que está aprendendo", disse Neves.
A implementação, no entanto, será complexa, diz o educador. "Precisa reorganizar espaços das escolas e, o que é mais difícil, mudar a cabeça do professor. Eles foram preparados para ensinar em disciplinas. Vai exigir muito treinamento. "
O MEC afirma que neste momento trabalha apenas o desenho conceitual. Não há definição de detalhes da implementação ou dos custos.
O relator do processo no conselho, Francisco Cordão, disse que dará parecer favorável. "Talvez seja preciso alguns ajustes. Mas é uma boa ideia. Hoje o aluno não vê motivo para fazer o ensino médio."