16 março 2009

Obama minimiza disputas no G20; discute crise com Lula

Sáb, 14 Mar, 07h34
Por Jeff Mason

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, rejeitou neste sábado sugestões sobre um racha no G20 e assegurou à China que seus investimentos nos Estados Unidos estão seguros após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também abordou as relações com a América Latina.

Obama e Lula discutiram a crise econômica mundial e falaram sobre preparativos para a próxima reunião dos presidentes do G20, que ocorrerá em 2 de abril na Inglaterra. O presidente dos EUA, no entanto, afirmou durante o encontro na Casa Branca,que são falsas as sugestões de uma divisão no G20.

"Não posso ser mais claro em dizer que não há lados", disse Obama a repórteres ao comentar uma aparente tensão entre países europeus e os EUA sobre a ênfase que deve ser dada a gastos públicos ou regulação para enfrentar a crise financeira global.

Classificando a questão de um "debate artificial", Obama disse que não há um maior defensor da necessidade de uma reforma da regulação financeira do que ele próprio.

Obama também tentou passar segurança à China, que expressou preocupação na sexta-feira que os enormes gastos fiscais dos EUA e taxas de juro próximas a zero possam erodir o valor do grande volume de títulos norte-americanos detidos pelo país asiático.

"Há uma razão pela qual, mesmo no meio dessa enorme crise econômica, você tenha visto uma elevação no fluxo de investimentos aqui nos Estados Unidos", afirmou. "Acho que é um reconhecimento que a estabilidade não apenas do nosso sistema econômico mas também de nosso sistema político é extraordinária."
"Não apenas o governo chinês, mas todos os investidores podem ter absoluta confiança na solidez dos investimentos nos Estados Unidos."

COMÉRCIO, TENSÃO COM ETANOL

Lula afirmou ter dito a Obama que eles devem trabalhar para retomar a chamada Rodada de Doha, embora reconheça que possa ser difícil num momento de crise econômica.
"Eu acho que na crise econômica é mais difícil a gente concluir o acordo. Mas acho que a conclusão do acordo pode ser um dos componentes para aliviar da crise os países mais pobres do mundo”, disse o presidente Lula.
Obama, por sua vez, afirmou estar comprometido a atenuar as diferenças que impediram que um acordo fosse alcançado.
"Pode ser difícil para nós finalizar acordos comerciais em meio a uma crise como esta, embora nós tenhamos nos comprometido a sentar com os nossos parceiros brasileiros para encontrar caminhos para diminuir as distâncias na Rodada de Doha e em outros potenciais acordos comerciais".
Obama reconheceu que as tarifas norte-americanas sobre as importações de etanol para os Estados Unidos têm sido "uma fonte de tensão" que não irá mudar da noite para o dia.
Os produtores brasileiros de etanol não estão satisfeitos com a tarifa de importação de 0,54 centavos de dólar para cada galão de etanol exportado do Brasil para os EUA. Os produtores norte-americanos de etanol, que recebem subsídios do governo dos EUA, temem que as importações de etanol inundem o mercado norte-americano prejudicando assim os seus negócios.
"Com o tempo, a fonte de tensão pode ser resolvida", disse Obama, sem indicar se haveria uma diminuição das tarifas norte-americanas de importação do etanol, que devem vigorar até 2010.
Lula espera um avanço nas relações com a América Latina e que os Estados Unidos terminem com o longo embargo comercial imposto a Cuba, bem como uma reaproximação com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, um dos críticos mais ferozes de Washington.
"O presidente Obama tem uma posição única e excepcional para melhorar sua relação com a América Latina", afirmou Lula.
Obama disse que pretende visitar o Brasil em breve e afirmou em tom de brincadeira que os Republicanos apoiariam também tal visita, caso ele se perdesse na Amazônia.
(Reportagem adicional de Paul Simao e Tom Dogget)

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