27 abril 2012

Parem estes fascínoras: "Cana na Amazônia e no Cerrado", os ruralistas não dão trégua...


27/04/2012 – Agricultura (Jornal Senado)

Divergências em debate sobre
plantio de cana na Amazônia e no Pantanal



Caldas, senador Gurgacz e Eberhard: país tem 72 milhões de hectares aptos à cultura, fora da área pretendida pelo projeto

Proposta de Flexa Ribeiro, que permite o plantio de cana-de-açúcar nos dois biomas, foi debatida ontem. Delcídio do Amaral advertiu para as barreiras que o produto poderá enfrentar no exterior

Waldemir Moka (PMDB-MS), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Sérgio Souza (PMDB-PR) e Ivo Cassol (PP-RO) querem a liberação do cultivo de cana-de-açúcar na Amazônia e no Pantanal. Os senadores devem solicitar ao governo o zoneamento agroecológico nesses biomas, para indicar áreas aptas à cultura.

Já Delcídio do Amaral (PT-MS) recomenda cautela e aponta o risco de a medida resultar em barreira ambiental ao etanol brasileiro.

Os parlamentares participaram de audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) para discutir o Projeto de Lei do Senado (PLS) 626/11, de Flexa Ribeiro, liberando áreas de Cerrado e de Campos Gerais na Amazônia Legal para o cultivo de cana. Hoje, o Decreto 6.961/09 define o zoneamento agroecológico da cana e exclui o plantio na Amazônia, no Pantanal e na bacia do Alto Paraguai.

Ao apresentar o zoneamento, Cid Jorge Caldas, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, informou que o estudo, de 2008, indicou a existência de 64 milhões de hectares aptos para a cultura no país, além de 8 milhões já cultivados à época.

Frente à disponibilidade de áreas fora da Amazônia e do Pantanal, Adalberto Eberhard, do Ministério do Meio Ambiente, considerou correta a restrição a esses biomas, contida no decreto. Ele sugeriu aos senadores a busca de mecanismos para valorização da biodiversidade brasileira, como forma de estímulo à preservação da vegetação nativa.

Com posição semelhante, Delcídio avaliou que o fim da restrição poderá reduzir os espaços de comercialização do açúcar e do etanol brasileiros no mercado internacional, por meio de barreiras sanitária e ambiental.

Ao defender o projeto, Flexa Ribeiro disse que o texto prevê o plantio apenas em terras já utilizadas, no Cerrado e nos Campos Gerais da Amazônia Legal.

— Não precisamos derrubar nenhuma árvore.

Sérgio Souza advertiu que hoje o Brasil precisa importar etanol e Waldemir Moka disse que os agricultores do Pantanal praticam formas sustentáveis de plantio.

ARGUMENTO DO AUTOR DO BLOG: Isso tudo é golpe.  Os senadores, que têm, acima de tudo, a função de defender os interesses da nação, não poderiam propor, em pleno ano da Rio+20, uma ideia tão absurda assim.

Plantar cana-de-açúcar no Cerrado e na Amazônia, privilegiaria apenas os grandes do agronegócio.  Mesmo com toda adequação científica que por ventura viesse a dar suporte nessas empresas, o Estado, hoje, não teria condições de fiscalizar tais empreendimentos.  Então, o que eles estão tentando convencer propondo legalidade, seria sim o aval consentido para o desmatamento desenfreado e sem retorno.  Não esqueçamos da Mata Atlântica, que nós do Sudeste vimos desaparecer às mínguas.  Não podemos nos dar ao luxo de confiar na ganância medieval dos ruralistas.

Provavelmente dirão os cidadãos do Norte e do Centro-Oeste: “E o que faremos para ganhar dinheiro”.  E nós diremos: “invistam em tecnologias verdes, extraiam das florestas sem agredi-la.  Não se enganem.  Pensem, e mãos à obra...  Boa sorte!”.

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